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Índios estão cada vez mais longe das aldeias
O Censo Demográfico do IBGE, que será realizado neste ano, deve confirmar um fenômeno que se acentuou nos últimos anos: a presença cada vez maior de índios nos centros urbanos. O Conselho Estadual dos Povos Indígenas estima que existam 23 mil índios nas cidades e no meio rural gaúcho. Esse número tem crescido 10% ao ano. O coordenador da Funai em Porto Alegre, João Maurício Farias, salienta que o índio tem conseguido se integrar à área urbana. Comenta que o preconceito impedia que buscassem seus direitos.
A população pode verificar a situação simplesmente ao caminhar pelas ruas de Porto Alegre. Quem anda nos arredores da Praça da Alfândega, por exemplo, quase que todos os dias confere índios adultos e crianças vendendo produtos artesanais ou entoando cantos e músicas com uso de instrumentos confeccionados pelas próprias tribos. No Brique da Redenção, também estão presentes na comercialização do artesanato feito nas comunidades.
O cacique da tribo caingangue, situada no bairro Lomba do Pinheiro, Ari Ribeiro, ressalta que os índios estão mais confiantes e saem em busca de oportunidades. Segundo ele, a população estavam mais afastada dos grandes centros. "Atualmente, a situação é outra", diz o cacique Ari Ribeiro.
Especialistas apontam outros motivos para justificar a migração. Segundo uma das coordenadoras do Conselho Estadual dos Povos Indígenas Sônia Lopes dos Santos, parte do que é apontado como crescimento está na autodenominação. Os levantamentos geralmente não contam com especialistas que possam determinar se um indivíduo é mesmo pertencente à comunidade indígena. "Isso faz com que os dados não sejam inteiramente confiáveis", alerta. Para ela, seria necessária uma pesquisa especializada, paralela ao Censo do IBGE, para que informações mais concretas fossem registradas. Sobre a migração para os centros urbanos, Sônia identifica poucas políticas públicas no Interior. Frisa que a falta de perspectivas atrai o índio para os centros urbanos, onde ele vê mais chances de sustentabilidade.
O coordenador do Núcleo de Políticas Públicas aos Povos Indígenas de Porto Alegre, Luiz Fernando Caldas Fagundes, aponta que não há novidade no aumento dessa população. "As cidades crescem e os índios ganham mais espaço. Eles viviam em uma situação de invisibilidade. A expansão urbana fez com que fossem vistos", explica.
O Censo de 1991 apontou que 294 mil indígenas viviam no Brasil, o que correspondia a 0,2% da população nacional. Em 2000, o número aumentou para 734 mil: 383 mil nas cidades e 351 mil no meio rural. Conforme Fagundes, a estimativa é de que hoje apenas 320 mil estejam em aldeias. Pesquisa de 2008, em convênio entre a prefeitura e a Ufrgs, registrou que, dos índios residentes em Porto Alegre, 50,3% eram Kaingang; 45,9%, Guarani; e 3,8%, Charrua.
Fonte: Correio do Povo
Autor: RONAN DANNENBERG (rmartins@correiodopovo.com.br)
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